A segurança hídrica no Nordeste brasileiro tem sido fortalecida por meio de inovações tecnológicas e programas de capacitação que visam garantir o acesso sustentável à água potável para as comunidades da região. Essas iniciativas são fundamentais para enfrentar os desafios impostos pela escassez de recursos hídricos e promover o desenvolvimento socioeconômico local.
Um exemplo notável é o Programa Água Doce (PAD), que utiliza sistemas de dessalinização para transformar água salobra de poços subterrâneos em água própria para consumo. Além da instalação dos equipamentos, o programa capacita moradores locais para operar e manter os sistemas, assegurando a continuidade do abastecimento de água potável.
A implementação dessas tecnologias tem impactado positivamente a vida de muitas famílias. Alana Karla da Silva Medeiros, agricultora da Paraíba, relata que, anteriormente, dependia de chuvas e caminhões-pipa para obter água. Com a chegada do sistema de dessalinização, sua comunidade agora dispõe de água limpa próxima de casa, representando um alívio significativo em sua rotina diária.
Além de fornecer água para consumo humano, o PAD reaproveita a água residual do processo de dessalinização para atividades agrícolas e criação de animais. Essa abordagem integrada contribui para a sustentabilidade ambiental e fortalece a resiliência das comunidades locais frente às mudanças climáticas e à escassez de recursos hídricos.
Desde sua criação em 2004, o Programa Água Doce tem expandido sua atuação. Em 2024, foram colocados em operação mais 100 sistemas de dessalinização em nove estados, totalizando 1.065 sistemas implantados em 298 municípios do semiárido brasileiro. Esses sistemas têm capacidade de produzir 4,2 milhões de litros de água dessalinizada por dia, beneficiando aproximadamente 264 mil pessoas.
A capacitação das comunidades é um pilar essencial do programa. Desde 2014, cerca de 3.195 pessoas foram treinadas para operar os sistemas de dessalinização. Essa transferência de conhecimento empodera as comunidades, promovendo a autonomia na gestão dos recursos hídricos locais e garantindo a manutenção adequada dos equipamentos.
Paralelamente, outras iniciativas têm sido desenvolvidas para aprimorar a segurança hídrica no Nordeste. A chegada das águas do Rio São Francisco ao Rio Grande do Norte, por exemplo, inaugura uma nova etapa para o desenvolvimento econômico e social da região, ampliando as possibilidades de atuação de órgãos como a Sudene.
A combinação de tecnologia e capacitação tem se mostrado uma estratégia eficaz para enfrentar os desafios hídricos no Nordeste. Ao investir em soluções inovadoras e no fortalecimento das capacidades locais, é possível promover o acesso sustentável à água, melhorar a qualidade de vida das populações e fomentar o desenvolvimento regional de forma integrada e resiliente.
Autor: Astolpho Frederick Gabão