O urologista Lawrence Aseba Tipo, que já atuou no Hospital Heliópolis, na Zona Sul de São Paulo, frisa que, muitas vezes, ao pensar em saúde urinária, associamos diretamente à bexiga, aos rins ou até as vias urinárias. Porém, a urologia moderna vai muito além disso: ela se posiciona como uma janela para compreender o corpo humano de forma integrada. Cada vez mais estudos mostram que problemas urinários podem ser indicadores de condições sistêmicas graves, como doenças cardiovasculares, diabetes e até distúrbios neurológicos.
Doenças do coração e da bexiga estão realmente ligadas?
A relação entre doenças cardíacas e problemas urinários já é tema de inúmeros estudos científicos. A insuficiência cardíaca, por exemplo, pode levar à retenção de líquidos e alterações na função renal. Ademais, muitos pacientes com hipertensão também apresentam sintomas urinários como aumento da frequência noturna. Isso ocorre porque o sistema cardiovascular e o urinário compartilham mecanismos reguladores como pressão arterial e equilíbrio hídrico.

Como o diabetes afeta o trato urinário?
O diabetes mellitus é uma das doenças sistêmicas com impacto mais profundo na saúde urinária. Lawrence Aseba frisa que elevados níveis de glicose no sangue podem danificar os vasos sanguíneos dos rins, levando à nefropatia diabética, uma das principais causas de insuficiência renal. O paciente diabético também tem maior risco de infecções urinárias recorrentes e pode desenvolver bexiga neurogênica, quando os nervos que controlam a micção são afetados.
Por que distúrbios neurológicos influenciam a função urinária?
O controle da micção depende de uma complexa comunicação entre o cérebro, a medula espinhal e a bexiga. Doenças como Parkinson, esclerose múltipla e acidente vascular cerebral (AVC) podem interferir nessa rede neural, resultando em perda urinária, urgência ou retenção. Muitas vezes, os sintomas urinários são os primeiros sinais dessas condições. Por isso, a avaliação urológica pode ser fundamental no diagnóstico precoce de doenças neurológicas.
A saúde intestinal pode influenciar o sistema urinário?
Embora pareçam desconectados, intestino e sistema urinário compartilham proximidade anatômica e funcional. Disfunções intestinais, como prisão de ventre crônica, podem comprimir a bexiga e alterar sua capacidade de armazenamento e esvaziamento. Lawrence Aseba Tipo destaca que a microbiota intestinal desempenha papel importante no equilíbrio imunológico do corpo, influenciando inclusive a susceptibilidade a infecções urinárias. Portanto, cuidar da saúde digestiva também é uma forma de proteger a saúde urinária.
Quais são os sinais urinários que podem indicar doenças sistêmicas?
Identificar sinais urinários que vão além do local é essencial para diagnosticar condições sistêmicas. Alterações como hematúria (sangue na urina), proteinúria (presença de proteínas), aumento da frequência urinária, especialmente à noite, ou mesmo incontinência podem ser pistas importantes. Esses sintomas, quando persistentes, devem ser investigados com exames complementares, pois podem estar relacionados a doenças metabólicas, autoimunes ou cardiovasculares ainda não diagnosticadas.
Como a abordagem integrada melhora o tratamento?
A medicina baseada em especialidades frequentemente cria barreiras para o entendimento global do paciente. No entanto, a urologia contemporânea está cada vez mais voltada para uma abordagem integrada, trabalhando em conjunto com cardiologistas, endocrinologistas, neurologistas e gastroenterologistas. Essa colaboração multiprofissional permite não apenas tratar os sintomas urinários, mas também identificar e gerenciar as causas subjacentes, promovendo melhores resultados clínicos e qualidade de vida.
Por isso, o renomado Lawrence Aseba Tipo conclui que a conexão entre a saúde urinária e as doenças sistêmicas evidencia o quanto o corpo humano é uma rede interligada. A urologia, ao reconhecer essas pontes, torna-se essencial para a detecção precoce e o manejo eficaz de condições que vão muito além da bexiga. Ao olhar para os sintomas urinários com atenção e em conjunto com outros sistemas, podemos transformar diagnósticos tardios em intervenções oportunas.
Autor: Astolpho Frederick Gabão