Volta do presencial prejudica profissionais de tecnologia do Norte e Nordeste

Astolpho Frederick Gabão
Astolpho Frederick Gabão

O mercado de Tecnologia da Informação (TI) no Brasil está em expansão, mas as regiões Norte e Nordeste enfrentam desafios significativos em termos de oportunidades de emprego. Segundo o Panorama de Talentos em Tecnologia do Google for Startups, apenas 11% das vagas de TI estão nessas regiões, enquanto o Sudeste concentra 62%, com São Paulo abrigando 44% das oportunidades.

Entre janeiro e outubro de 2023, houve um aumento de 79,6% nas vagas de TI, conforme dados do Banco Nacional de Empregos. No entanto, essa distribuição desigual intensifica o desemprego e a informalidade no Norte e Nordeste, onde as taxas de desocupação são alarmantes. No final de 2023, o Norte tinha uma taxa de 7,7% e o Nordeste 10,4%, com Amapá, Bahia e Pernambuco apresentando os piores índices.

A desigualdade no setor de TI é parcialmente atribuída ao Índice de Capital Humano (ICH), que avalia o potencial econômico e profissional dos cidadãos. O Relatório de Capital Humano Brasileiro do Banco Mundial indica que o ICH médio do Norte e Nordeste em 2019 era equivalente ao das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste em 2007, revelando uma defasagem de 12 anos.

Ana Letícia Lucca, da Escola da Nuvem, aponta que a escassez de empresas de TI no Norte e Nordeste agrava a situação. A falta de investimento em infraestrutura e comunicação, além da variação na qualidade da educação em tecnologia, são barreiras significativas para o desenvolvimento do setor nessas áreas.

A concentração de vagas no Sudeste leva à migração de talentos do Norte, perpetuando desigualdades sociais e econômicas. Durante a pandemia, o trabalho remoto ampliou as oportunidades para candidatos de diferentes regiões, mas o retorno ao trabalho presencial ou híbrido está novamente limitando essas possibilidades.

Uma pesquisa da Catho revela que 61% das empresas planejam retornar ao trabalho presencial em 2024, visando aumentar a colaboração e inovação. No entanto, 64,4% dos entrevistados relataram uma piora na qualidade de vida com essa mudança. Lucca destaca que o trabalho remoto tem sido eficaz, especialmente em grandes centros urbanos.

Para enfrentar esses desafios, Lucca sugere um esforço conjunto de empresas, governos e sociedade, com foco em educação e infraestrutura tecnológica. As organizações devem adotar práticas de contratação inclusivas e investir em capacitação para reduzir as disparidades regionais e promover um desenvolvimento econômico mais equilibrado.

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