Crescimento de Brasileiros em Processos de Imigração: Cuidado com o Visto EB-2 NIW

Astolpho Frederick Gabão
Astolpho Frederick Gabão

Nos últimos anos, um número crescente de brasileiros tem investido quantias significativas em processos de imigração para os Estados Unidos, especialmente no que diz respeito ao visto EB-2 NIW (National Interest Waiver). Este visto se tornou atraente para profissionais altamente qualificados, pois promete a obtenção do green card sem a necessidade de uma oferta de trabalho. Para isso, o candidato deve demonstrar uma qualificação excepcional e um impacto positivo em áreas de interesse nacional. No entanto, essa promessa pode se transformar em uma armadilha.

Um exemplo é o caso de J. L., um advogado brasileiro que tentou obter residência legal nos EUA através do EB-2 NIW. Ele relata que, apesar de ter preenchido todos os requisitos, foi negado duas vezes. Em sua última negativa, o parecer não se referia ao seu caso, mencionando erros que demonstravam que sua documentação não havia sido lida adequadamente. Essa experiência revela um problema fundamental no processo: as decisões são tomadas por oficiais administrativos do USCIS, que muitas vezes não possuem formação jurídica.

Esses oficiais atuam com total discricionariedade, o que significa que podem negar pedidos com base em critérios subjetivos. Isso deixa os peticionários sem opções efetivas de recurso. Dados do USCIS indicam que a taxa de aprovação do visto EB-2 NIW nos últimos cinco anos variou entre 50% e 75%, dependendo do centro de processamento. No entanto, muitos dos pedidos aprovados vêm de profissionais norte-americanos ou de áreas tradicionalmente favorecidas, como ciência aplicada e tecnologia.

Profissionais estrangeiros, especialmente na área jurídica, frequentemente enfrentam negativas, mesmo com dossiês bem elaborados. Essa situação é alarmante, pois muitos advogados de imigração, em vez de informar seus clientes sobre os riscos reais do processo, garantem que o candidato é elegível e que as chances de aprovação são altas. Essa abordagem pode ser motivada pela busca de contratos que podem ultrapassar US$ 40 mil, incluindo honorários e taxas.

O advogado pode apresentar a lei e os requisitos, mas muitas vezes omite que a decisão final é tomada por alguém sem a obrigação de seguir critérios objetivos. Isso resulta em rejeições arbitrárias que podem frustrar anos de trabalho e investimento. Casos como o de J. L. são comuns, e muitos brasileiros compartilham suas frustrações em redes sociais e fóruns especializados. Anos de preparação e investimentos significativos podem ser frustrados por decisões unilaterais e incoerentes.

É essencial que os brasileiros interessados no visto EB-2 NIW estejam cientes de que o julgamento é feito por funcionários do USCIS, não por juízes. A decisão pode ignorar os méritos do caso, e muitos advogados “vendem” o sonho de imigração sem esclarecer os riscos envolvidos. Essa falta de transparência pode levar a desilusões e perdas financeiras significativas. Portanto, é fundamental que os candidatos façam uma pesquisa cuidadosa e busquem informações precisas.

A experiência de J. L. serve como um alerta para a comunidade brasileira. É preciso estar bem informado e cauteloso ao embarcar nesse processo de imigração, para evitar cair em armadilhas que podem comprometer sonhos e investimentos. A responsabilidade sobre as decisões tomadas com base nas informações disponíveis recai sobre os próprios candidatos. A conscientização é o primeiro passo para uma escolha mais segura e informada.

Por fim, é importante que a comunidade se una para compartilhar experiências e informações sobre o processo de imigração. A troca de relatos pode ajudar a evitar que outros passem pelas mesmas dificuldades. A imigração é um sonho para muitos, mas deve ser abordada com realismo e cautela. Somente assim será possível transformar esse sonho em uma realidade viável e segura.

Autor: Astolpho Frederick Gabão

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