O cenário das adoções em Pernambuco tem mostrado um crescimento constante, colocando o estado como líder no Nordeste em número de processos formalizados. Em 2024, Pernambuco registrou 230 adoções concretizadas, ocupando a sétima posição em todo o Brasil segundo dados do Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento. Esse avanço reflete o empenho de políticas públicas e ações do Tribunal de Justiça do Estado, que focam na promoção do acolhimento familiar e na sensibilização da sociedade para adoções tardias e de grupos específicos.
Um dos maiores desafios das adoções em Pernambuco está relacionado à compatibilidade dos perfis entre crianças disponíveis e famílias interessadas. Atualmente, 134 crianças e adolescentes aguardam adoção, enquanto o número de pretendentes habilitados ultrapassa 879. Entretanto, a maioria dos pretendentes busca crianças entre 2 e 6 anos, enquanto grande parte das crianças disponíveis está na faixa dos 8 a 16 anos, o que dificulta o encontro ideal e prolonga o tempo de acolhimento dessas crianças.
Para superar essas dificuldades, o Tribunal de Justiça de Pernambuco, por meio da Comissão Estadual Judiciária de Adoção, implementou programas inovadores que têm contribuído para o aumento das adoções em Pernambuco. Iniciativas como o Ciranda Conviver e o programa Adote um Pequeno Torcedor, em parceria com clubes locais, trabalham diretamente na aproximação entre crianças e famílias, promovendo a adoção tardia e quebrando estigmas sobre a adoção de crianças mais velhas.
Outro aspecto importante nas adoções em Pernambuco é o cuidado especial com a manutenção dos vínculos familiares entre irmãos. O programa Famílias Solidárias foi criado para garantir que grupos de irmãos possam ser acolhidos em lares diferentes, mas mantendo contato e vínculo afetivo, respeitando os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente. Essa abordagem tem evitado a separação definitiva dos irmãos e assegurado o suporte emocional necessário para essas crianças.
Além das iniciativas, o processo de habilitação para as adoções em Pernambuco tem sido facilitado por um sistema estruturado, que inclui o pré-cadastro pelo site do Conselho Nacional de Justiça, capacitação dos pretendentes e acompanhamento judicial rigoroso. Essa organização promove maior transparência e segurança no processo, garantindo que as adoções ocorram com responsabilidade e visando o bem-estar das crianças e adolescentes.
A conscientização sobre a adoção tardia nas adoções em Pernambuco também é um ponto fundamental. O desembargador Élio Braz destaca que a sociedade precisa reconhecer que crianças maiores possuem personalidade e direito à felicidade em um lar, e que a adoção tardia não deve ser vista com preconceito. Esse discurso tem sido decisivo para ampliar o número de adoções e assegurar que mais crianças encontrem um lar definitivo.
O futuro das adoções em Pernambuco depende do fortalecimento contínuo das políticas públicas e do engajamento social, estimulando famílias a se habilitarem e se prepararem para receber crianças de diferentes perfis. A combinação de ações governamentais, judiciárias e comunitárias tem mostrado que é possível transformar a realidade e aumentar o número de adoções, promovendo inclusão e proteção social.
Em resumo, as adoções em Pernambuco têm se destacado como um modelo eficiente no Nordeste, combinando inovação, compromisso e responsabilidade social. Com foco na valorização das crianças maiores e na manutenção dos vínculos afetivos, o estado oferece um exemplo de sucesso na busca por famílias para todas as crianças e adolescentes que aguardam por um novo começo.
Autor: Astolpho Frederick Gabão